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  • Foto do escritorRozz Messias

Resenha "Eles existem"

PREFÁCIO por Fernanda Miranda


Vampiros... Eles existem?

Criaturas imortais presentes entre os mortais há séculos, tratando-os como mera fonte de alimentação, tal qual se trata uma espécie inferior... Sugando seu sangue e brincando com suas mentes, seja marcando presença em seus pesadelos ou em seus sonhos.

Por vezes satisfaz a estes seres manipular os mortais através de seu medo da dor e da morte, ou dos desejos mais sórdidos de sua luxúria, enquanto roubam o elixir escarlate de suas veias.

Eles Existem! Seja despertando terror ou fascínio, eles existem... Dominando em nós humanos os nossos desejos e temores mais ocultos, e nos fazendo encarar o quanto nossa espécie almeja destes seres o poder e a imortalidade. Mesmo sabendo que o preço a ser pago pelo poder será sempre o sangue...

Mas será que de fato Eles existem? Há inclusive quem acredita em vampiros de fato reais, que não temem o sol e bebem sangue de crianças para não envelhecer, se passando facilmente por humanos em plena contemporaneidade, caminhando entre nós como celebridades admiradas e acima de suspeitas. Sabemos que desde a idade média há casos conhecidos que facilmente se confundem com relatos históricos...

Contudo há também quem defenda que acreditar na existência de vampiros é uma forma plena de insanidade mental. Tal como há quem compreenda seu poderoso simbolismo e como seus mitos são um modo necessário de se lidar com a temática da morte... Através da crença secular de que se pode vencê-la com a eternidade sobrenatural adquirida pelas trevas, ora vista como um presente, ora como maldição.

Ao longo dos séculos o vampirismo sempre foi se adaptando e absorvendo características marcantes de cada época em que esteve e está presente. Quase todas as culturas ao redor do mundo desde a antiguidade, passando pela idade média e chegando às eras mais modernas, sempre tiveram um modo próprio de representar este ser em facetas diversas e nomenclaturas.

Parece que, ao longo da história, onde houvesse um agrupamento humano e uma herança cultural a ser passada entre as gerações, haveria relatos sobre criaturas com características vampirícas, ainda que cada qual adaptada à estrutura narrativa, local e época onde estivesse sendo contada... Povos antigos que nunca se encontraram traziam consigo tais relatos, em uma época onde não havia tecnologias que fizessem com que suas culturas se cruzassem, ainda assim várias das características ligadas aos vampiros se repetem em inúmeras criaturas diferentes, que costumam mudar de nome e origem, apesar das notáveis semelhanças. Tais coincidências soam muito facilmente como evidências de que alguma verdade de fato existe por de trás dos mitos vampíricos que acompanham nossa espécie desde seus primórdios até hoje.

O vampirismo precisa mesmo ser sempre alimentado e nunca esquecido! Tal qual quando idealizei e me dediquei a organizar também uma antologia semelhante há dois anos atrás, a Pesadelos Escarlates... Em um momento em que a maioria dos autores que levavam o vampirismo a sério sentiam secretamente certo medo de fazer histórias sobre vampiros, sem que o público as considerasse infantis ou fora do terror. Alguns dos consagrados neste tema até hoje se aventuram em outras temáticas, deixando os sugadores de sangue de lado... Contudo os autores James Gallagher Junior e Adriano Siqueira, dois nomes que estão mais uma vez juntos agora, estavam dentre os que apoiaram o meu projeto de resgate ao vampirismo clássico naquele momento, trazendo àquelas laudas todo seu comprometimento com o tema. Adriano trouxe sua experiência e vasto conhecimento vampírico adquirido há décadas (talvez séculos, quem sabe), abrindo as portas de seu Museu dos Vampiros para o projeto, e James já revelava ali seu talento que visava renovar a temática do vampirismo, trazendo já ali uma veia moderna e apocalíptica à suas linhas vampíricas, mas sem retirar a essência, tal qual o faz agora em sua própria antologia.

E assim a eterna saga dos amantes dos vampiros continua com a sugestiva afirmação de que ELES EXISTEM, instigando nossas mentes também com a participação da talentosa autora Rozz Messias que invade nossa cripta com seu estilo poético e soturno, e tantos outros autores e autoras dispostos a colocar sangue e muito talento nestas laudas.

Fico realmente feliz e me aquece o sangue nas veias, sempre que vejo mais escritores e escritoras investindo nesta temática como ela deve de fato ser tratada, e sinto-me honrada agora em poder dividir nestas linhas algumas de minhas impressões acerca deste assunto com os leitores de mais uma obra dedicada a estas criaturas, ora apavorantes, ora fascinantes. Mas que, independente de quaisquer facetas venham a tomar, certamente dizem muito sobre nossas próprias facetas humanas, e como encaramos aquilo que nos causa temor e ao mesmo tempo é inevitável... A morte. E como através dos vampiros podemos fantasiar uma vida imortal e temer suas consequências no processo, quase sempre nefasto.

Desde um vampiro andarilho, que em suas caçadas pela eternidade acabou vindo parar no Brasil e apreciando as nossas festas noturnas, até um caçador de vampiros vivendo um inquietante dilema... Ou um verdadeiro "teatro de vampiros" com direito a videoclipe no Youtube e questionamentos acerca das futilidades da sociedade moderna, ou ainda uma história que envolve pensamentos filosóficos sobre vida e morte em um cemitério... E quem diria que vampiros se preocupariam com teorias apocalípticas... Mas aparentemente se preocupam, pois é interessante explorar a ideia de que eles também são habitantes do mesmo planeta que os humanos...

Tudo isto e muito mais nesta antologia organizada por James Gallagher Junior e promovida pelo selo editorial Dark Books, onde o leitor poderá se deparar com tramas desconcertantes sobre a temática vampírica, em laudas que poderão envolvê-lo com efeito hipnótico e aprisioná-lo na leitura até a última linha... Ou até sua última gota de sangue, o que vier primeiro. Pois... ELES EXISTEM!


Destaques do volume 3:

“Uma vampira em apuros” de Adriano Siqueira é daqueles contos que tem o poder de esconder a verdade até o final.

“Encontro marcado” de James Gallagher tem toda uma pegada gótica e sombria, romantismo e vampirismo juntos, uma dupla perfeita.

“Nem sempre há outra chance” de Lord Dragon é uma história criativa e repleta de suspense, mostrando como o ser humano pode ser curioso e as consequências disso.

“Elizabeth” de Marcelo Piquet é envolvente, cheio de erotismo e magia. Retrata bem a atração dessas criaturas sobre nós mortais. Vale a pena ler.

“Maças rubras” de Mith Graf é meu conto preferido desse volume, a autora usa uma linguagem poética que nos envolve do começo ao fim. Ela retrata tão bem o medo e a tentativa de fuga da personagem que senti como se estivesse no local observando a cena.



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